Óleo diesel, máquinas agrícolas, suprimentos de construção civil são alguns dos produtos brasileiros exportados diariamente para a Bolívia. O porto inaugurado nesta terça-feira, 8, em Guajará-Mirim, deverá melhorar ainda mais o comércio bilateral que movimenta por semana um volume de aproximadamente quinhentas 500 toneladas.
De lá para cá, pelo chamado “Ponto de Fronteira”, o Beni fornece 150 toneladas semanais de diversos produtos, especialmente madeira e ureia, informa o responsável pelo setor aduaneiro no porto, Adriano Zuba Braga.
Da China são importados itens diversos, entre os quais pneus e outros de uso doméstico. Além disso, cerca de duzentas toneladas de mercadorias, incluindo-se mercadorias bolivianas destinadas a outros países passam pelo Brasil – castanha e madeira, principalmente. E ainda, mercadorias da Bolívia que vão para outras partes da Bolívia, a exemplo de refrigerantes ou gás natural que saem do Beni para o Departamento do Pando, ou até mesmo para o Departamento de Santa Cruz, passando por estradas brasileiras.
É comum no porto de Guajará-Mirim a importação e a exportação de castanha “almendra” que sai de Rondônia para o país vizinho, ou dele para este estado, in natura (com casca), ou às vezes beneficiadas.
As cargas provenientes da China passam primeiro pelo Chile (Iquique), depois são internadas na Bolívia e entram no Brasil por Guajará-Mirim.
Segundo o delegado da Receita Federal em Guajará-Mirim, Leonildo Camilo Rosa, existem importações que o Brasil faz por essa fronteira, ou exportações que não têm nenhuma relação com a Bolívia. “Essas mercadorias entram ou saem do Brasil pelos portos de Manaus e de Paranaguá”, ressalva.
As cargas provenientes da China passam primeiro pelo Chile (Iquique), depois são internadas na Bolívia e entram no Brasil por Guajará-Mirim.
O “ponto de Fronteira de Guajará-Mirim” é o único alfandegado entre o Brasil e o Departamento do Beni, na Bolívia. Por ele passam todas as mercadorias dos dois países.
Conforme o inspetor-chefe aduaneiro Paulo Ricardo de Oliveira Giron, as exportações na região atendem a uma população boliviana de mais de 500 mil pessoas.
Até então, ele explicou, o “Ponto de Fronteira” trabalhava sem piso pavimentado, nem cobertura no local destinado aos veículos de carga. O modelo IP4 entregue com a presença dos ministros Márcio França (Portos e Aeroportos) e Renan Filho (Transportes) nesta terça-feira foi construído para oferecer um local mais adequado à circulação desses veículos.
O trabalho Comércio em fronteira: os circuitos da economia urbana em Guajará-Mirim (Estado de Rondônia, Brasil) e Guayaramerín (Departamento de Beni, Bolívia) *, da Universidad Nacional Costa Rica, enfatiza que cidades situadas na fronteira brasileira assumem o papel relevante no século XXI.
Trechos do estudo:
“A funcionalidade da fronteira deixou de ser um espaço de separação para ser um espaço fronteiriço de integração, talvez esteja aí a principal diferença da compreensão clássica da geopolítica sobre fronteira para a atual, onde os processos atuais empenhados ora pelos estados e pela economia a transformaram.”
“São esses núcleos urbanos são os pontos mais avançados da soberania do País no contexto de cooperação e da integração regional”, principalmente do ponto de vista da economia e da circulação de mercadorias e de pessoas.
No entanto, ressalta diversos problemas que comprometem o desenvolvimento econômico e social: contrabando, roubo de veículos, passagem de drogas, prostituição, garimpo ilegal e desvio de usos normativos.
“As cidades de fronteira representam um nó de uma rede de circulação, seja como ponto final da via de acesso ou pela centralidade criada pelos serviços e pelos fluxos convergentes a esta. No caso particular, a fronteira é formada por dois nós, um na cidade de Guajará-Mirim e outro em Guayaramerín.”
“Apesar dos limites rígidos da fronteira, as relações de comércio perpassam esses limites onde se estabelece distintas formas para a comercialização na fronteira. Nesse sentido, podemos destacar os distintos fluxos de passageiros e de cargas entre as cidades.”
“A dinamicidade da fronteira ocorre em parte pela existência do comércio de fronteira. No caso de Guajará-Mirim, os atacadistas não estão diretamente vinculados a isso, pois as mercadorias destinadas a essa cidade são retornadas para as demais cidades rondonienses, enquanto em Guayaramerín os comércios próximos da Aduana são responsáveis pela movimentação de pessoas.”
“A diferenciação na oferta de bens de consumo é um dos elementos que alimenta a dinamicidade da fronteira; se em Guayaramerín encontra-se a comercialização de vestuário, brinquedos, relógios e restaurantes que atraem brasileiros em decorrência dos preços serem inferiores no Brasil, em Guajará-Mirim a oferta de bens de consumo – arroz, carne, frango e material de construção civil são os elementos adquiridos pelos bolivianos que deslocam esses bens para suas cidades próximas da fronteira. Todavia, como o fluxo de brasileiros é mais frequente para o lado boliviano, é lá que encontramos os pequenos “cambistas” trocando moeda para os visitantes.”